domingo, novembro 20

Trecho da entrevista do embaixador de Angola no Brasil, Alberto Correia Neto, para o Globo.

Globo: O presidente do Banco Nacional, Amadeu Júnior, tem remessas de mais US$ 1,6 milhão além do que noticiamos...
Correia Neto: Não sei se tem ou não. Não percebo qual o problema. O que você tem a ver com isso, se ele tem ou não?

Globo: Joana da Fonseca Cordeiro, do Ministério das Finanças, recebeu US$ 50 mil.
Correia Neto: E o meu, não vem (rindo)?

Globo: No Brasil, algumas fortunas são suspeitas de terem se originado na corrupção. Em Angola também é assim?
Correia Neto: Também há, mesmo nos EUA. O capitalismo engendra a corrupção. Por que tem gente que luta para ser ministro, deputado, senador? Por que gosta do país, para salvar a população? Não. Por causa da bufunfa, do dinheiro.

Globo: No caso do Trade Link, qual a razão das autoridades angolanas para a movimentação de dinheiro no exterior? Globo: Um assessor de Pedro Morais disse que quem ajuda a fechar um negócio, não importa se da iniciativa privada ou do serviço público, tem comissão de 15%. Existe mesmo?
Correia Neto: Tem que existir. É um problema do comércio internacional. O erro que cometemos é que, ao invés de tornarmos a comissão oficial, transformamos em tabu. As pessoas interiorizaram que a comissão é para elas e não para a estrutura. As pessoas assinavam os contratos, tinham comissão e o Estado não se beneficiava. Mas agora já se beneficia.

Globo: Da comissão?
Correia Neto: Aqui também. É tudo a mesma coisa. Qualquer negócio no mundo tem comissão.

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